RELATOS DE UM VERÃO JIM #3 |MISSÃO MAIS
Testemunho – Rita Nery (Missão + 2018)
Sempre gostei de experimentar coisas novas, o desconhecido sempre me deu uma certa inquietação e ir à descoberta sempre fez parte de quem eu sou. Desde que me lembro, que sinto como que uma força, que não se explica, habitando em mim, como que uma semente que fora criada e está pronta a fluir. Algo que me chama, mas na altura não o percebia, algo invisível aos meus olhos sussurrava ao meu ouvido e eu não deixava que se escutasse.
Quando me inscrevi no Missão +, experiência de uma semana em Camarate, não sabia bem para o que ia, poucas eram as referências em relação ao projeto, uma cidade completamente nova e uma congregação e um estilo de vida completamente desconhecidos para mim. Na minha cabeça, sabia que ia ajudar e que iria ter algumas missas e orações pelo caminho, uma vez que o grupo se tratava de um movimento religioso missionário.
E fui… Sem perceber o real impacto e a real transformação que esta experiência fora para mim, FUI.
Logo no primeiro dia, à chegada, fui muito bem recebida pelo padre Carlos e por outros membros do JIM, o sentimento de acolhimento foi instantâneo em relação a todos e a todas.
Sobre aquilo que era a nossa rotina, todos os dias tínhamos momentos de oração (manhã e noite), tínhamos o tempo de convívio quando estava estipulado e à tarde, depois do almoço, da loiça lavada e do cafézinho tomado, lá íamos nós em pequenos grupos aos diferentes bairros.
O Primeiro dia nos bairros de Camarate, nunca mais vou esquecer… As diferentes emoções que senti tornam-se realmente difícil de transpor em palavras. O sentimento de culpa, indiferença e egoísmo quando percebemos que não é preciso ir muito longe para se sentir um choque de realidades, de colocar a hipótese que mesmo ao nosso lado existem pessoas que não tem as mesmas oportunidades que eu, por exemplo no sentido que sempre as tive e tenho, a pobreza com que vivem e as dificuldades que enfrentam. Faz-nos realmente perguntar a nós mesmos: Que injustiças são estas? Que esquecimento e abandono por estas pessoas é este? O que eu estou a fazer para que isto mude?
Mas que por outro lado, por trás desta imagem criada à primeira vista, um sentimento de felicidade enche-nos o coração, o sorriso das crianças, a alegria que contagia estas comunidades, o orgulho com que nos contam as suas histórias e a força de querer viver que fala mais alto e que nos faz olhar em volta e dizer: ISTO É DEUS E ELE ESTÁ AQUI!
“Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós.”
Deus encarrega-se sempre de deixar em nossas vidas as pessoas que precisamos cruzar, as histórias que precisamos conhecer e os momentos que precisamos vivenciar, sempre no sentido de aprender e/ou ensinar alguma coisa crucial na nossa caminhada ou na caminhada de alguém.
Para mim, este ensinamento foi muito importante. Ao longo desta última semana as dúvidas e os medos que comigo carregava, se foram transformando em respostas, barreiras quebradas e/ou em novas questões. Os momentos de oração tornaram-se portas, as pessoas e as suas histórias tornaram-se respostas e inspirações.
Nunca uma semana foi vivida tão intensamente, nunca os laços que se criaram foram tão fortes ao ponto de agora nos falarmos constantemente todos os dias. É lindo perceber que tudo isto é suportado pelo amor, o amor de Cristo.
- O que é mais importante para mim? Quais os meus medos e barreiras? Qual a minha vocação? O Missão + 2018 acaba aqui?
Experiência. Experimentar, não é algo passivo, nem algo ativo (quando se fala na construção do próprio ser), é algo transformador e que toca no coração de cada um, caso contrário não se designava de “ato experimental”, mas sim de atividade ou rotina.
O Missão + é isso, e toca a cada um que o vivencia de maneiras muito diferentes, no meu caso de uma maneira mais espiritual, para outros de que existe muito mais a fazer, para outros uma experiência mais prática, etc…
Para mim as perguntas acima indicadas marcaram o meu Missão +, com a ajuda de todos direta e indiretamente, uns mais intensamente que outros, eu pude perceber que a semente que me inquietava, acima referida é nada mais nada menos que o chamamento de Deus. Todos somos convidados a fazer algo, algo que nos faz feliz, e a isso se designa por Vocação. Eu aprendi a escutar, aprendi a compreender.
Não tenho mais medo, eu aceito a minha Missão.
– E tu aceitas a tua?
Rita Nery, 16 anos, Ofir