Relatos do Verão JIM 2019 | #2: Semp’ábrir
O Semp’ábrir é a peregrinação juvenil promovida pelo JIM, da Azambuja a Fátima. Ocorreu entre os dias 23 a 26 de julho e no sábado, dia 27, os jovens participantes juntaram-se a toda a Família Comboniana na sua peregrinação anual. O Carlos Daniel Silva, de Palmela, tem 18 anos e participou pela terceira vez nesta atividade! Eis o relato da sua experiência nesta atividade.
Testemunho do Semp’ábrir – Carlos Daniel Silva
Tenho 18 anos e venho dar o meu testemunho como participante no Sempábrir. Antes de mais, é importante explicar que o Sempábrir é uma atividade organizada pelo JIM que nos convida a caminhar cerca de 90km até Fátima, uma atividade mais focada nos jovens, mas que, de uma forma natural, se abre a todas as classes etárias.
Num primeiro pensamento somos levados a pensar que se trata apenas de uma caminhada que tem como destino Fátima, que até poderia ser outro destino qualquer. Mas o Sempábrir distancia-se bastante dessa definição, o Sempábrir convida-nos a largar tudo para, durante uns dias, caminhar com Deus e até Deus, sempre na companhia de S. Daniel Comboni e Nossa Senhora de Fátima.
Já completei esta caminhada três vezes, a primeira delas com 15 anos de idade, em 2016. Tal como a maioria dos que participam nesta atividade pela primeira vez, não sabia muito bem o que me esperava e, tal como todos os outros, saí de Fátima renovado. Não só pela chegada ao santuário, mas sobretudo por todo o caminho que tinha percorrido.
Durante o caminho somos propostos a, em conjunto com o grupo, esquecer o nosso dia a dia, sair da nossa zona de conforto e abraçarmos a fé. Ao longo do caminho fui refletindo diversos tópicos da minha vida, alguns deles bastante profundos até, e consegui chegar à conclusão que, para ser mais feliz com Deus e em Deus, teria de fazer mudanças concretas na minha vida, no meu dia-a-dia. E este é um dos caminhos do Sempábrir, o caminho da reflexão. Não só a reflexão individual, mas também a reflexão conjunta sobre diversos temas da nossa sociedade e da nossa Igreja. Temos a oportunidade de partilhar e de abrir o nosso coração com pessoas que nos escutam e querem caminhar connosco.
Um dos pontos mais curiosos sobre esta atividade é que não importa as reflexões, as orações, os agradecimentos, as preces que cada um faz. Nada disso importa se caminharmos sozinhos. Porque, se o fizermos, nunca iremos crescer na fé. Apenas a caminhar em conjunto com alguém iremos desenvolver-nos na fé. E o Sempábrir foi uma maneira maravilhosa para eu descobrir isso mesmo. Descobri que, se nos agarrarmos a Deus e a uns aos outros, todo o caminho é fácil. Se partilharmos a dor com o outro, esta vai doer menos, seja ela física, psicológica, ou espiritual.
O que mais me marcou nas edições que já completei desta atividade, foram as histórias das pessoas com quem partilhei o caminho, muitas delas são histórias profundas de vida e algumas delas são histórias em que até tive o privilégio de participar. A história que mais me ficou na memória foi a de uma peregrina de nacionalidade eslovaca que decidiu apanhar um avião para Lisboa e peregrinar até Santiago de Compostela. Lembro-me que a encontrámos perdida no meio da serra a caminhar na direção errada, fizemos-lhe o convite e ela caminhou junto a nós até Fátima. Passei uma grande parte desse troço com ela e fiquei bastante intrigado sobre a forma como aquela peregrina conseguiu simplesmente deixar tudo para trás para fazer o caminho até Deus, completamente sozinha e sem apoio. Mas mais curioso ainda é relembrar o que escrevi há pouco e pensar que esta corajosa peregrina só encontrou o caminho certo para Deus quando decidiu partilhar o seu caminho com o próximo…