Relatos do Verão JIM | #4: Missão+

Sobre o Missão+ o Ivo, de Oliveira da Bemposta e a Sofiya, de Terrugem (natural da Ucrânia) contam-nos como foi para eles o Missão+. Ambos relatam que foi uma semana de encontro com Deus que se foi manifestando de muitas e diversas formas.

O Missão+ vivido pela Sofiya

missaomais2Não sei se acontece só comigo, mas antes de retiros, orações, dos encontros com Deus mais profundos, sentia muitas dúvidas e tinha tendência de afastar e não ir por vários motivos, como inseguranças pessoais, vergonha, timidez. Parece que algo me afasta e por vezes é difícil de ultrapassar estes momentos. Cheguei à conclusão que as dúvidas que surgem não são mais do que uma confirmação que Deus está a espera e que vale pena ir. Antes da Missão + era exatamente isso que ia acontecer, por razões pessoais e familiares tinha vontade de desistir da minha inscrição. Este foi o primeiro momento desta semana que Deus falou-me: através dos meus pais e da minha irmã. Eles até fizeram a mala por mim e nem queriam ouvir os meus argumentos porque sabiam que queria mesmo vir a esta atividade!

No domingo ainda estava confusa e muito emocionada. Depois da oração da noite fiquei na capela a refletir. Queria mesmo ficar sozinha, mas passado pouco tempo chegaram os rapazes que comigo participaram nesta atividade de uma forma muito simples e simpática começaram a falar sobre coisas sérias e outras mais a brincar pondo assim conversa comigo. Na verdade, acabaram por ajudar-me a arrumar as minhas ideias e emoções. Este foi o segundo momento de encontro com Deus desta semana. Dou graças a Deus pelas pessoas certas que Ele pôs na minha vida com possibilidade de conhecê-las nos momentos em que mais preciso. Dou graças a Deus pelo dom da vida de cada pessoa que tive sorte conhecer durante esta semana.

O terceiro momento de encontro com Deus foram pelas conversas com Irmãs Missionárias Combonianas em que descobri exemplos de mulheres fortes, fortes no amor, fortes na fé. Apesar das suas histórias de vida não terem sido fáceis elas conseguiram continuar no caminho do amor. Em vez de ralhar, discutir com Deus, perguntar porquê as dificuldades, continuam a louvá-Lo todos dias. De certeza que cada um de nos tem traumas, feridas, dores, pois todos carregamos cruzes diferentes, mas igualmente pesadas. Mesmo assim é possível viver na felicidade e no amor, se deixarmos que Jesus nos ajude. Que o Senhor nos ensine a ser fiéis a Ele nos caminhos da vida.

Por último, o quarto momento de encontro com Deus deu-se no tempo que passei com as crianças. Como são missaomaisidososos mais pequenos, são os mais honestos, verdadeiros e sinceros. Eles não complicam as coisas: gritam, riem, perguntam sobre tudo sem os preconceitos, sem os tabus. Só é preciso guiá-los com imensa paciência e delicadeza porque as almas deles são ainda muito frágeis. A forma agressiva de reagir que alguns deles têm é o grito de ajuda, grito de falta de amor e carinho. Em Camarate, vi que o trabalho dos voluntários e dos missionários já dá os seus frutos. Agradeço e louvo a Deus pela Família Comboniana, que tem força de responder «Sim!» ao chamamento de Cristo, dedicando-se ao serviço dos mais necessitados.

 

 

 

 

 

O Missão+ vivido pelo Ivo

Não há espelhos. Por mais estranho que possa parecer, esta foi uma das minhas primeiras observações sobre a casa onde ficamos hospedados, em Camarate. E o facto de não nos vermos refletidos, fez-me reflectir.

O olhar só para nós próprios não era de todo o objectivo desta Missão +. Estávamos ali para ver mais longe, além das primeiras impressões, para “ultrapassar fronteiras”. A minha primeira reação ao chegar? Tudo era motivo de missaomaisretirodesconfiança. Eu, que até me considero empático e tolerante, senti uma espécie de reprovação moralista ao atravessar os diversos bairros sociais, com as suas gentes, imagens e costumes tão diferentes do mundo desempoeirado e hipersensível dos centros urbanos.

Entretanto a Missão + pedia-nos mesmo isso: mais, mais de nós mesmos. Pedia-nos para termos consciência dos nossos limites e também dos nossos dons. Para darmos o nosso melhor, sabendo que Alguém nos sussurrava: confia!

Várias coisas me marcaram nesta missão. O sentimento de grande família em festa, no domingo no bairro da Torre, autêntica e simples, precisamente no dia em que a Liturgia nos fala de familiares uns contra os outros. O choque de encontrar a felicidade genuína no meio de tijolos empilhados e chapas a fazer de tecto, nestes espaços improvisados, nestas vidas improvisadas. A perplexidade, no bairro das Mós, perante posturas culturais tão diversas, onde o modo de ser mais brusco, mais agressivo, desafia a nossa hipersensibilidade ocidental. E ainda, a surpresa pelo espírito de grupo que se desenvolveu, de uma generosidade e paixão tocantes.

missaomais4 (1)Muitas vezes, quanto mais preocupados estamos com o nosso reflexo, menos vemos. E menos nos apercebemos de que a felicidade é um projecto colectivo. Um projecto onde os outros, olhando através de nós, vêm a sua própria imagem de Cristo reflectida.

Talvez o espelho que falte na casa… sejamos nós mesmos!

 

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